20 de dez. de 2013

Máquinas param para aguardar joão-de-barro

Espécie construiu um ninho em corticeira-do-banhado, situada nas obras de duplicação do Contorno de Pelotas, que será transplantada.

Em meio ao avanço das obras de duplicação no Contorno de Pelotas, um ninho de joão-de-barro (Furnaris rufus) resiste. A árvore onde ele foi construído, uma corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli) localizada no km 512,92, aguarda o abandono dos ninhegos – nome dado aos filhotes logo após descascarem dos ovos, para ser transplantada. O ninho, que foi verificado pela construtora responsável pelo lote, está sendo monitorado pela equipe de fauna da Gestão Ambiental da rodovia, trabalho realizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) por meio da empresa Serviços Técnicos de Engenharia S.A. (STE).

O ornitólogo da STE S.A., Felipe Castro Bonow, explica que um casal da espécie está em plena atividade de cuidado paternal, revezando-se na coleta de suprimentos para alimentar os filhotes. “Desde que desovam, os ninhegos levam cerca de 23 dias para desocupar o ninhos”, falou. Após este período, o ninho que está situado no lote 1-A, de responsabilidade da construtora Consórcio HAP-CONVAP, será novamente vistoriado para ver a possibilidade do transplante da árvore. “Estamos aqui para construir muito mais que estradas e pequenos gestos como estes mostram nossa relação com o empreendimento e com o meio ambiente”, disse o biólogo da construtora, Hélio Brettas. A Gestão Ambiental supervisiona, permanentemente, as obras de duplicação com o intuito de prevenir e mitigar impactos socioambientais.
Pertencente à família Furnariidae, o joão-de-barro é uma das aves mais abundantes do Estado e conhecido por construir ninhos de barro durante todo o ano. “Ele vive em bordas de matas, áreas abertas rodeadas por árvores e até mesmo em zonas urbanas”, disse Bonow. Já a corticeira-do-banhado é uma espécie nativa e imune ao corte, por isso sempre que possível é submetida ao transplante. Somente no Contorno de Pelotas, a estimativa é que 590 árvores passem por este procedimento, segundo o Inventário Florestal.
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