Uma tartaruga tigre-d’água (Trachemys dorbignyi) foi encontrada por um menino na Vila de Passagem, em Canoas, no dia 24/09. O animal, de 17 centímetros, apareceu próximo às casas onde estão sendo construídas as moradias definitivas para as famílias da Vila do Dique, beneficiadas pelo Programa de Reassentamento Populacional da BR-448.
O animalzinho foi dado como presente para a caçula da família Durão, recentemente relocada do Dique Fátima para a Vila de Passagem, conforme conta Evely, de 11 anos. “Meu amigo Titico (Fernando) encontrou a tartaruga caminhando na rua e deu pra Vitória (irmã caçula de 6 anos) que trouxe para casa. Mas resolvi mostrar pro pessoal.”
A menina então levou o animal até a Equipe Social do Reassentamento, que mantém escritório no local, e contou o fato. O atendimento foi repassado para a bióloga da Gestão Ambiental da BR-448, responsável pela fauna, Suzielle Modkowski, que tomou as devidas providencias com relação ao animal. "A tartaruga, apesar de debilitada por estar longe do seu habitat natural e sem comida, estava apta a ser solta", observa Suzielle.
A bióloga, quando chegou à Vila, já era aguardada pela pequena Vitória, com a tartaruga na mão. Foram alguns minutos de conversa entre a pequena que mostrava certa insatisfação em entregar o animal e a profissional, que tentava convencer a criança lembrando que este não é um bicho domestico, e que para viver, necessita de lugar especifico.
Logo depois, conforme procedimento da equipe, o animal foi pesado e medido e as irmãs receberam a autorização dos pais para participar da soltura do animal junto a um corpo d’água paralelo a rodovia (km 15+000), na cidade de Canoas.
A equipe da Gestão alerta que, com a chegada da primavera, há um novo ciclo reprodutivo das espécies da fauna, e, juntamente, com a transformação dos ambientes naturais em áreas antropizadas, torna-se cada vez mais comum o encontro de animais silvestres em áreas urbanas, que vão em busca de condições para sobreviver.
Dados do animal - A tartaruga tigre-d'água é muito comum de ser encontrada em rios, riachos, lagoas e banhados. Sua distribuição ocorre no nordeste da Argentina, Uruguai e sul do Brasil. Na época de reprodução, a fêmea desova em média 12 ovos. Os ovos eclodem em cerca de 110 dias. O adulto pode chegar até 27 cm de comprimento, as fêmeas geralmente são maiores que os machos. A espécie pode atingir idades superiores a 30 anos. É considerada uma espécie onívora, ou seja, que se alimenta de matéria vegetal, invertebrados (moluscos, crustáceos e insetos) e pequenos vertebrados (anuros e peixes). Atualmente a espécie não é considerada ameaçada de extinção, porém existe grande pressão de captura de ovos para o comércio como animal de estimação (BAGER, 1999 apud HERPETOLOGIA UFRGS, 2010).
